Revelando os segredos da Validação de Processo

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A validação de processo apesar de ser cobrada nas indústrias farmacêuticas brasileiras desde do século passado, literalmente (final da década de 90), ainda causa muita polêmica e questionamentos a respeito da maneira correta de sua execução e da condução do estudo.

Visto que trata-se de um estudo extremamente criterioso e exige conhecimento técnico aprofundado, este pode ser facilmente questionado durante a inspeção da ANVISA, caso não seja bem conduzido, apresente falhas ou deixe margem para questionamentos.

Para aqueles profissionais que realizam o estudo desde os primórdios deste milênio, como é o meu caso (já havia comentado anteriormente que sou jurássica na área rsss),  e já passou por pelo menos umas 3 versões de RDC, até pode ser mais tranquilo. Agora, para aqueles que acabaram de entrar na indústria farmacêutica ou mesmo para os profissionais que começaram agora a executar as validações, como é o caso da RDC nº 48/2013 para indústria de cosméticos, e a RDC nº 47/2013 para indústria de saneantes, as validações de processo podem ser uma “caixinha de surpresas”.

Sendo assim, aqui seguem algumas dicas valiosas para a execução do estudo de validação para impressionar o inspetor da ANVISA mais exigente, e, principalmente, o seu chefe:

Entenda o que é Validação de Processo

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A validação, de forma geral, é um conjunto de estudos que comprovam, através de resultados de testes pré-determinados, que um  procedimento, processo, equipamento, material, atividade ou sistema é consistentemente, seguro e possui REPRODUTIBILIDADE comprovada.

Resumindo, a validação garante através de comprovação documental, e de resultados de testes,  que um processo é confiável e resulta em um produto de alta qualidade.

Por questão de mera formalidade, segue definição da ANVISA:

[quote_center]Validação de processo (VP): evidência documentada que atesta com um alto grau de segurança que um processo específico produzirá um produto de forma consistente, que cumpra com as especificações pré-definidas e características de qualidade.[/quote_center]

Tipos de Validação de Processo

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Basicamente, existem 3 tipos de estudo de validação:

  • Validação concorrente: validação realizada durante a rotina de produção de produtos destinados à venda. É a mais usual.

 

  • Validação prospectiva: validação realizada durante o estágio de desenvolvimento do produto. Geralmente, é realizado em lote piloto. É considerado o estudo de validação de processo ideal.

 

  • Validação retrospectiva: feita através  da avaliação da documentação de ordens de produção sequenciais (mínimo de 20 lotes sequenciais) e que não apresentaram qualquer tipo de falha, desvios ou não-conformidades em seus processos, ou mesmo que não apresentaram qualquer tipo de alteração de composição, além de seus procedimentos e equipamentos permanecerem inalterados.

 

NOTA: A ANVISA não considerada mais a validação retrospectiva. Desta forma, este tipo de estudo caiu em desuso.  

 

Ainda há a requalificação, ou seja, um processo deve ser revalidado após expiração do prazo de validade do estudo, ou mesmo após alguma mudança no procedimento, processo, formulação ou equipamento que cause IMPACTO DIRETO no estudo em questão.

Qualquer alteração dos itens anteriormente relacionados devem ser avaliados através do estudo e análise de controle de mudanças apropriado (Change Control/Compliance).

O que deve ser validado?

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Toda  etapa do processo produtivo deve ser validada, inclusive o processo de embalagem.

Detalhando para melhor compreensão:

  • Pesagem e  fabricação do semi-acabado (estes dois podem ser englobados no mesmo estudo) – caso seja uma drágea deve ser feito o estudo até a etapa de drageamento.
  • Holding time
  • Embalagem primária
  • Embalagem secundária

Isso tudo para a validação de processo, mas os outros tipo de validação, como as de limpeza parcial, total, a longo prazo, em campanha, tempo de sujo (dirty time) etc, devem ser realizados.

Passo a passo da Validação de Processo

 

1. Programação

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Todos os processos produtivos devem sofrer estudo, para tanto, verifique o programa de produção dos produtos com o setor de planejamento (PCP) durante o ano corrente.

Dê preferência para iniciar o estudo pelos processos produtivos considerados mais críticos, como é o caso de produtos controlados pela Portaria nº 344 da ANVISA, por exemplo.

Após a realização dos mais críticos, faça daqueles que tem alta produtividade e facilmente poderá ter lotes disponíveis para acompanhamento.

Deixe aqueles que tem pouca produção para o final do cronograma de validação.

2. Documentação

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Para a execução da validação de processo todos os documentos relacionados abaixo devem estar finalizados e aprovados, OBRIGATORIAMENTE:

1.  Plano Mestre de Validação ou Validation Master Plan – PMV ou VMP
2.  Cronograma de Validação – Anexo do Plano Mestre de Validação
3.  Qualificação dos equipamentos pertencentes ao processo produtivo em estudo com relatórios devidamente aprovados. São eles:

  • QD – Qualificação de Design ou Desenho
  • QS – Qualificação da Sala do equipamento
  • QI – Qualificação de Instalação
  • QO – Qualificação de Operação
  • QP- Qualificação de Performance ou Desempenho

4.  Qualificação/validação dos sistemas de água potável e purificada
5.  Qualificação das utilidades utilizados no processo
6.  Procedimentos operacionais padrão relacionados atualizados
7.   Fórmula padrão atualizada (incluindo o registro na ANVISA)
8.  Definição dos parâmetros de produção
9.  Ordem de produção revisada – Ficha de produção, Master de Fabricação, Instrução de Fabricação, etc.
10. Análise de risco do processo produtivo
11.  Especificação do produto
12. Métodos de análise físico-químico e microbiológico validados
13. Protocolo de validação e seus anexos
14. Critérios de aceitação
15. Plano de amostragem das diferentes fases do processo produtivo
16. Definição dos testes de desafio
17. Treinamento COMPROVADO dos responsáveis pela execução do estudo
18. Laudos de análises com resultados dentro das especificações, tanto do controle em processo quanto do Laboratório de Controle de Qualidade (micro e físico-químico)
19. Relatório de validação ao final do estudo
20. Avaliação estatística dos resultados de análise das amostras coletadas.

Caso não haja qualquer uma das documentações acima relacionadas tenha certeza que seu estudo estará incompleto e será questionado pela ANVISA durante uma inspeção. Isso é fato.

3.Produto de escolha

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Como havia anteriormente mencionado, todos os produtos (100%) de uma unidade fabril devem ser validados. Não há justificativa para a não validação. Todos devem constar no cronograma de validação. Mas para que o produto entre em estudo, todos os documentos acima listados, até o item 17 Treinamento, devem estar prontos/aprovados.

Dica:

 [quote_center]Como o processo de qualificação de todos os equipamentos, utilidades e água podem demorar para serem concluídos, inicie a revisão de todos os procedimentos relacionados ao estudo e posteriormente inicie a elaboração dos protocolos de validação.[/quote_center]

Tenha ao menos todos os protocolos elaborados até a Inspeção da ANVISA.

4. Equipe de Validação

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A Equipe de validação deve ser composta pelos seguintes profissionais:

 

Equipe de Execução: Estes devem acompanhar todas as etapas do processo produtivo.

  • Profissional com experiência comprovada em validação (analista)
  • Analista de desenvolvimento farmacotécnico

 

Equipe de Apoio:

  • Analistas de Controle de Qualidade
  • Operadores de Produção
  • Supervisores e coordenadores de Produção
  • Equipe de Manutenção
  • Inspetores da Qualidade
  • Garantia da Qualidade
  • Equipe de Farmacotécnica
  • Equipe de Assuntos Regulatórios, caso haja alguma divergência na formula padrão registrada na ANVISA e a que está descrita na Ficha de Produção.
  • PCP – para a programação de produção. Deve haver um pleno alinhamento das informações e comunicação constante para não perder o lote que deverá ser acompanhado.

 

Revisão: Toda a documentação referente ao estudo de validação deve ser revisada pelo supervisor/coordenador de validação.

 

Aprovação: A provação da documentação de validação deve ser feita pelos gerentes das seguintes áreas:

  • Validação
  • Garantia da Qualidade
  • Controle de Qualidade
  • Produção
  • Farmacotécnico

A validação deve ser feita em equipe. A ajuda, colaboração, comunicação e comprometimento de todos os envolvidos é fundamental para a  conclusão do estudo.

5. Análise de Risco

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Com base em uma análise de risco do processo produtivo, que deve ser detalhado em etapas enumeradas, podem ser avaliadas as etapas mais críticas do processo; Este por sua vez, é avaliado com base em experiências da equipe farmacotécnica ,com o auxílio da equipe de produção, com relação ao processo.

É utilizado para determinar situações críticas que podem ocasionar desvios, caso não sejam bem avaliados e acompanhados.

Deve ser usado para a preparação do plano de amostragem , pois as etapas críticas devem ser analisadas a partir da retirada de amostras estratégicas.

Esta documentação deve ser aprovada e constar da parte inicial do estudo.

6. Protocolo

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O protocolo deve conter no mínimo os seguintes itens:

  • Campo para aprovação
  • Objetivo do estudo
  • Responsabilidades
  • Descrição das matérias-primas utilizadas no Processo (nome, código e quantidades)
  • Tamanho do lote a ser produzido
  • Descrição dos equipamentos utilizados no processo
  • Fluxograma do processo com identificação das etapas críticas
  • Descrição dos instrumentos de medidas com seus respectivos TAGs, números de certificados de calibração e prazo de validade da calibração.
  • Relação de procedimentos relacionados ao estudo e suas respectivas versões.
  • Número/código e versão do relatório de validação analítica do ativo.
  • Número da Ficha de produção e código do produto
  • Definição dos critérios de aceitação
  • Limites de Alerta
  • Definição dos testes de Desafio a serem executados
  • Relação das análises e especificações.
  • Descrição dos lotes acompanhados (sequenciais)
  • Campos para preenchimento dos valores dos parâmetros medidos/encontrados em cada etapa avaliada (pode ser anexo do protocolo, mas deverá ter um para cada lote acompanhado).
  • Plano de amostragem validado com o controle de qualidade e com a produção, em caso de amostras de controle em processo.
  • Descrição de como proceder  em caso de falhas, desvios e não-conformidades durante o processo;
  • Critérios para revalidação
  • Histórico
  • Anexos

7. Anexos (tanto do Protocolo quanto do Relatório)

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Estes são alguns exemplos, pois os anexos podem variar de acordo com o processo e suas particularidades:

  • Certificados de calibração dos instrumentos utilizados
  • Acompanhamento das pesagens de cada lote (Check-list)
  • Laudos de Análise físico-químicos e microbiológico dos 3 lotes
  • Cópias de todos os controles em processo dos 3 lotes e seus respectivos resultados
  • Cópias das Fichas de produção reconciliadas de cada lote contendo, inclusive, as etiquetas de limpeza e liberação de todas as salas.
  • Registro de temperatura e umidade das salas de fabricação, em caso de produto higroscópico
  • Análise estatística dos resultados de análise dos 3 processos

8. Acompanhamento

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Todos os lotes deverão ser acompanhados desde a fase da pesagem até a última etapa dos processo de fabricação do semi-acabado. Deverá ter um representante da equipe de validação durante todas as etapas, não importando o turno ou o dia da semana no qual este será produzido.

A equipe de validação deve ser comunicada pela produção e pelo PCP com relação ao início exato do processo para que este possa ser acompanhado na íntegra. A equipe deve estar preparada para o acompanhamento.

Durante o acompanhamento, todos os parâmetros (velocidades dos equipamentos, rotação, tempo de mistura, tempo de agitação, etc) devem ser medidos através da utilização de instrumentos devidamente calibrados. Os resultados de cada parâmetro devem ser anotados, assim como o TAG de todos os equipamentos e instrumentos.

O controle de qualidade deve fornecer a quantidade necessária de cada amostra a ser retirada para a realização das análises no laboratório (plano de amostragem) e este deve constar do protocolo. Com base neste plano, a equipe de validação deve efetuar o acompanhamento munida de recipientes previamente identificados (lote, produto, código, etapa do processo, teste,  localização da amostra e tempo de coleta) para a retirada das amostras.

Marque o tempo de início e término de cada etapa.

Caso haja desafios a serem feitos na etapa, realize-os identificando a faixa máxima e mínima do teste executado e a etapa do processo desafiada. Colete amostra de cada faixa testada, caso seja possível.

 

9. Número de lotes acompanhados

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Deverá ser acompanhado um número mínimo de 3 lotes sequenciais do mesmo produto.

 

 

 

10. Amostragem

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Deve ser elaborado um plano de amostragem para a retirada de amostras nas etapas consideradas mais críticas, além das amostras utilizadas para a análise de controle em processo e para o Laboratório de Controle de Qualidade Físico-químico e microbiológico.

Cada processo deve ser avaliado de forma única e amostragem ser programada especialmente para o estudo em questão.

Seguem alguns exemplos de amostragem:

  • Deve ser estabelecido um Nível de Inspeção, segundo a NBR 5426 (Planos de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos) para o número de amostras avaliadas no controle em processo e seu respectivos critérios de aceitação.
  • Retire amostras de pontos estratégicos do misturador, em caso de sólidos, para verificar a uniformidade de teor da amostra.
  • Caso haja processo de secagem do produto em estufas, retire amostras de pontos pré-determinados das bandejas para avaliação da umidade do granulado.
  • Realize todas as análises que rotineiramente seriam executadas e avalie todos os resultados.
  • Verifique o tempo de compressão/envase e determine o que seria o início, meio e fim do processo (em termos de horas). Planeje a retirada de amostras nestes períodos, e entre eles, caso o processo seja longo.

 

NOTA: Todas as amostras devem ser identificadas com relação ao produto, código, lote, etapa produtiva, processo e tipo de análise.

11. Testes de desafio

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Os testes de desafios são necessários para avaliar o comportamento do processo nas faixas máximas e mínimas dos parâmetros pré-estabelecidos.

Os resultados devem ser anotados e amostras, quando possível, devem ser retiradas.

Caso não seja possível a realização do teste de desafio em algum parâmetro, este deve ser justificado.

 

12. Resultados de análise

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As análises devem ser executados por profissionais treinados e seus respectivos laudos devem ser anexados ao estudo. Para um estudo ser considerado validado, não poderá haver nenhum resultado fora da especificação no caso de testes considerados como críticos, como é o caso de teor do ativo, dissolução, etc.

Caso haja uma análise fora da especificação, e o teste seja considerado determinante, o estudo deverá ser reprovado.

Dependendo da criticidade do teste, o limite fora do critério de aceitação poderá ser justificado desde de que este seja aprovado pelo gerente da área responsável pela análise, mediante a justificativa, com devido embasamento técnico.

Todas os laudos devem ser anexados ao estudo.

13. Relatório de Validação

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O relatório de validação somente poderá ser emitido após o acompanhamento e liberação dos resultados de análise de todas as amostras.

No relatório todos os testes devem ser compilados e seus resultados devidamente avaliados.

Em sua conclusão dever haver embasamento técnico e justificativa suficiente para a aprovação ou não do estudo.

Também é no relatório onde será definida a validade do estudo.

 

14. Análise estatística

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Os principais resultados de análise devem ser avaliados segundo a sua análise estatística.

Os gráficos, curvas e valores devem ser anexados ao relatório de validação de processo.

 

15. Avaliação contínua do processo

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Mesmo após o estudo de validação ser concluído, deve haver uma avaliação contínua do processo até a data da próxima revalidação (programada no cronograma de validação do PMV). Esta avaliação é necessária para a melhoria contínua do processo.

Este estudo foi implementado inicialmente pelo FDA no Stage 3–Continued Process Verification – Guidance for Industry: Process Validation: General Principles and Practices(Rockville, MD, Jan. 2011).

Os detalhes a cerca deste estudo serão descritos em outro artigo específico.

16. Comunicação

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A comunicação deve existir em todas as etapas do estudo para que este possa ser executado com sucesso.

E não poderia deixar de existir ao final do estudo. Sendo assim comunique a todos os interessados e equipe de apoio o resultado da validação, ou seja se no final o processo está ou não validado.

Prazo de validade do estudo de Validação de Processo

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Um estudo de validação de processo não pode ter um prazo de validade maior que 5 anos. Qualquer prazo maior que este pode ser facilmente questionado pela ANVISA.

Perguntas e Respostas

questions or decision making concept

 

1. Quantos lotes devem ser acompanhados?

R.: Deverão ser acompanhados um número mínimo de 3 lotes sequenciais do mesmo produto. Pode haver a produção de outros produtos durante o estudo nos equipamentos avaliados na validação de processo. O que não pode acontecer é entrar um lote do produto em estudo e este não ser acompanhado.

Caso isso aconteça o estudo deve ser interrompido e reiniciado.

2. Posso pular lotes?

R.: Não. Caso um lote seja “perdido” o estudo deverá ser reiniciado e justificado no cronograma de validação.

3. O que deve ser feito no caso de desvios durante o estudo de validação de processo?

R.: Cada desvio deve ser avaliado e devidamente justificado.

Caso o desvio seja crítico, e considerado uma não-conformidade, o estudo poderá ser interrompido. A avaliação depende de uma investigação profunda e uma análise crítica. Para estes casos deve haver procedimento específico determinado as diretrizes, além de profissionais qualificados para avaliarem e determinar a ação apropriada e sua devida conclusão.

4. E no caso do produto sair fora da especificação?

R.: Deve ser levado em conta as diretrizes relacionadas na questão anterior, seguida da avaliação dos gerentes das áreas de qualidade, produção e farmacotécnica.

5. Quando devo considerar um processo validado?

R.: Quando os resultados de todos os testes/amostras forem aprovados, ou seja, estiverem dentro da especificação. Com base nos dados do laudos e no comportamento dos 3 processos, a equipe de validação determinará se o processo está validado ou não.

6. Posso copiar um estudo, em caso de mesmo produto e dosagem diferente?

R.: Não. Cada estudo deve ser avaliado e estudadas as suas particularidades , critérios de aceitação, e  especificações.

7. Posso deixar o operador de produção tocar o processo sozinho, caso eu precise ir embora ou mesmo realizar outras atividades da minha rotina?

R.: Não. Para o acompanhamento do processo de validação deve haver um analista de validação de plantão. Caso o operador informe que vai haver algum tipo de demora no processo, e que não haverá parâmetros para serem avaliados ou amostras a serem retiradas, o analista poderá se ausentar por alguns momentos. Assim que houver alguma parada ou reinício, o analista deve ser novamente chamado.

8. Mas e se o lote em produção entrar em processo no meio da madrugada ou durante um feriado?

R.: Deverá haver uma analista de plantão nestes casos. Por isso a importância da informação com relação à programação de produção.

9. Quais as classes terapêuticas devem ser validadas?

R.: Todas as classes terapêuticas de medicamentos, além de cosméticos (RDC 48/13) e saneantes (RDC 47/13).

 10. No caso do mesmo processo ter a possibilidade de ser produzido em equipamentos diferentes, porém de mesma capacidade, modelo e fabricante, é necessário fazer a validação do mesmo processo em cada um destes equipamentos? Mesmo eles sendo iguais?

R.: Para que os equipamentos sejam considerados “iguais”, deve haver um estudo que comprove sua intercambialidade. Este estudo/relatório deve  basear-se nas comparações dos resultados de suas respectivas qualificações (QI e QO), principalmente mediante os resultados de qualificação de desempenho. Comprovando-se que os equipamentos são intercambiáveis, não há necessidade de realização do estudo em cada um dos equipamentos descritos em ordem de Produção. Caso não haja o estudo, deve haver uma validação para cada equipamento possível, ou rota de fabricação disponível. Outra alternativa é determinar apenas um único equipamento de cada tipo para a rota de fabricação.

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Curso de Validação de Processo

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Referências

  1. FDA – 21 CFR Parts 210 and 211
  2. ANVISA – RDC n° 17/2010
  3. ANVISA – RDC n° 47/2013
  4. ANVISA – RDC n° 48/2013
  5. ANVISA – GUIAS RELACIONADOS À GARANTIA DE QUALIDADE- 31 de outubro de 2006.
  6. FDA, Guidance for Industry: Process Validation: General Principles and Practices(Rockville, MD, Jan. 2011).
  7. US vs. Barr Laboratories, 1993.
  8. J. M. Dietrick and B.T. Loftus, “Regulatory Basis for Process Validation” in Pharmaceutical Process Validation, R.A. Nash and A. H. Wachter, Eds. (Marcel Dekker New York, NY, 3rd ed., 2003) p. 43.
  9. FDA, Guideline on General Principles of Process Validation (Rockville, MD, May 1987, reprinted May 1990).
  10. PDA Annual Meeting Post-Conference Workshop, “The FDA’s Process Validation Guidance: Meeting Compliance Expectations and Practical Implementation Strategies” (San Antonio, TX, April 13–14, 2011).
  11. ICH, Q10 Pharmaceutical Quality System (2008).
  12. FDA, Guidance for Industry: Quality Systems Approach to Pharmaceutical CGMP Regulations (Rockville, MD, September 2006).
  13. M. Long and H. Baseman, presentation at the Elsevier Business Intelligence Webinar, May 18, 2011.
  14. G. McNally, presentation at the PDA Annual Meeting Post-Conference Workshop (San Antonio, TX, April 13–14, 2011).
  15. EU, Guidelines to Good Manufacturing Practice, Medicinal Products for Human and Veterinary Use, Annex 15: Qualification and Validation (Brussels, July 2001).
  16. ICH, Q7 Good Manufacturing Practice Guide For Active Pharmaceutical Ingredients (November 2000).

22 COMENTÁRIOS

  1. Oi Fernanda. Sou analista de validação em uma empresa farmacêutica de grande porte e quero te dar meus parabéns pela matéria. Muito bem escrita, de forma simples e compreensível. Parabéns!!

    • Caro Vinícius,

      Agradeço de coração pela gentileza de seu comentário a respeito da matéria.
      Caso queira fazer alguma ponderação ou enriquecer a matéria com a contribuição de sua expertise, seria de grande valia. Fica aqui registrado o meu convite para que você compartilhe também um pouco de sua vasta experiência conosco, se assim o desejar.
      Um forte abraço,

  2. Boa noite e Parabéns pela matéria…Aproveito para esclarecer uma dúvida: Quando tenho mais de uma apresentação para produto acabado, com apresentação diferente, devo validar cada apresentação ou apenas os trÊs primeiros lotes, independente da apresentação?
    Abraços

    • Oi, André!

      Desculpe-me a demora no retorno. Dias corridos por aqui…
      Quando fala em apresentação diz respeito a diferentes embalagens comercializadas (ex: 30 cpr, 15 cprs, etc – medicamentos) ou apresentação em termos de cor e fragrância, como é o caso de cosméticos?
      Isso porque o processo de validação vai até a etapa de produção do semi-acabado. Isso porque a etapa de blistagem, envase, etc, seria outro tipo de estudo. Neste caso, para o medicamento, faria um estudo de validação de processo, independente da apresentação (embalagem). Agora, se a dosagem for diferente ou tiver associações deverá fazer outro estudo de validação de processo para cada um deles.

      No caso de cosméticos, a situação é polêmica. Em muitos casos há uma base (ex: shampoo) e o que difere um produto do outro seria o corante e fragrância. Por mais que pareça um único produto, você tem registros diferentes na ANVISA, ordens de produção diferentes, e quantidades diferentes de matéria-primas. Sendo assim, deve ser considerado como outro produto e também deve ser submetido a um estudo de validação de processo específico.
      Para não realizar o estudo em processo de produtos que considere semelhantes, teria que fazer um relatório/documento, com embasamento técnico e referências bibliográficas, que justificassem e tivesse embasamento suficiente para a não realização dos respectivos estudos. Complicado e facilmente questionável.
      Sendo assim, realize a validação de processo para todos os produtos de sua empresa (semi-acabados).
      E caso tenha mais dúvidas estarei a disposição.
      Abs

  3. Boa Tarde Fernanda

    Parabéns por essa matéria, não consegui esclarecer tanto minhas dúvidas em cursos ou procurando no google, a sua matéria foi a única que realmente está com escrita fácil e bem explicada!

    Gostaria de saber se você tem experiência com rdc 16/2013, pois ela também pede validação e por exemplo, como é feito a validação em uma empresa de pequeno porte ou até médio porte que apenas importe ou distribua os produtos médicos.

    Muito Obrigada!

    • Bom dia, Hiroko!

      Agradeço imensamente por suas gentis palavras com relação ao artigo de validação.
      Tenho experiência com a RDC 16/2013, inclusive desenvolvendo um trabalho de validação especial para grandes empresas de produtos médicos.
      Os critérios utilizados na indústria farmacêutica servem como base para os estudos de sua área, mas existem muitas particularidades que devem ser levadas em consideração, como é o caso da validação de limpeza de implantes, algo que não existe na área de medicamentos.
      Caso queria, podemos lhe ajudar a montar um estudo de acordo com seus processos e estrutura.
      Abaixo deixo meus contatos:
      Consultoria Farmacêuticas
      tel: 11 33922424
      cel: 11 992961326
      contato@farmaceuticas.com.br
      Precisando também de qualquer informação adicional a respeito de validação estarei a disposição.
      Abs

  4. Boa tarde Fernanda. Gostaria de tirar algumas dúvidas, eu preciso fazer validação de processo para cada tamanho de lote, quando trata-se de um mesmo produto e mesma concentração? Por exemplo, se tiver um produto Guaco xarope com lotes de 500 unidades e 1000 unidades, preciso validar duas vezes? E se eu validar o lote pilote com quantidade reduzida, depois terei que revalidar com o tamanho industrial? Obrigada

  5. Primeiramente parabéns pelo texto, objetivo e sucinto.
    Mas estou procurando maiores detalhes sobre as responsabilidades das empresas de ERP no processo de validação da Anvisa.
    Se puderes me sugerir algum LINK, ficaria muito agradecido.
    Abs.

  6. Boa Tarde, Fernanda

    Uma dúvida, quando há mudança de layout, por exemplo eu tinha uma linha de embalagem divida em duas salas e agora a linha está em uma única sala, são as mesmas etapas em um novo layout, mesmo nesse cenário qu preciso refazer a validação do processo, certo? Afinal eu tive ganho no processo na questão tempo, distância de circulação do produto, tempo de TOR.

    Agradeço desde já!!

    • Oi, Priscilla!

      A mudança de layout deve ser qualificada (QI, QO e QD) e posteriormente realizada a validação de processo. Não tem jeito. Você só consegue comprovar que houve melhora no processo se documentar e evidenciar isso por meios dos relatórios de qualificação e validação.
      Antes de proceder com a mudança, é obrigatório abrir um formulário de Controle de Mudanças (CM), avaliar os riscos, impactos, ações, como é o caso das requalificações e revalidações, e somente depois de aprovado por todos os gestores relacionados é que a mudança deve ser implantada.
      As requalificação e revalidações devem constar no cronograma de validação do PMV.

      Aproveitando a oportunidade, fica aqui o meu convite para que participe de nossos cursos de validação de processo e limpeza que serão ministrados nos dia 26 e 26/01.

      Segue o link: https://cursosfarmaceuticas.com.br/produto/curso-de-validacao-de-limpeza-presencial/

      abs,

  7. Parabens pelo artigo!!!
    Queria aproveitar para esclarecer uma duvida, no caso de um processo validado onde produzo por exemplo 100 kgs, quanto pode ser a variacao dos lotes sem que eu precise revalidar e qual a norma que fala sobre essa variação?

    Obrigado

    • Oi, Edmilson!
      Fico feliz que tenha gostado do artigo!
      Sobre seu questionamento, caso venha a validar um lote de 100Kg, a variação deste, no meu entendimento, será o mesmo previsto na ordem de produção, ou seja, dentro da especificação prevista pelo farmacotécnico. Geralmente, é estabelecido uma “faixa” dentro deste 100 Kg, mas, se por exemplo, tiver um lote de 15o Kg já teria que validá-lo, pois o comportamento do produto dentro de um equipamento, difere para um lote de 100Kg e 150Kg, principalmente com relação à mistura/homogeneização/uniformidade do teor do ativo. Sendo assim, provavelmente teria que ter outros parâmetros produtivos. Logo, necessitaria de uma validação específica para este tamanho de lote.
      Caso seja da área farmacêutica, a RDC 73/2016 prevê até mesmo um pós registro de medicamento dependendo da alteração do tamanho de lote.
      Espero que tenha ajudado, mas se tiver alguma dúvida adicional, estou a disposição.
      Abs

  8. Olá Fernanda, parabéns e muito obrigada pelo artigo!
    Estou pesquisando sobre a validação de um processo de inspeção visual (de um produto injetável). Em um artigo do PDA é citado que o processo de inspeção visual manual não pode ser validado (enquanto que o automático deve ser validado em comparação com o manual já estabelecido).
    Essa fala (o processo manual não pode ser validado) decorre da variabilidade do processo composto apenas por pessoas? Qual seria o termo mais correto, com relação a validação, para descrever este tipo de processo então?

  9. Bom dia Fernanda! Obrigada pelo artigo!
    Por gentileza, pode me informar se é necessário inserir no protocolo as especificações técnicas de cada matéria-prima e se precisa anexar no relatório de validação os laudos de análise dos lotes de matérias-primas utilizadas no processo ?
    Obrigada!!
    Atenciosamente,
    Carina Diniz

    • Oi, Carina!

      Creio que não precisaria inserir as especificações técnicas das matérias-primas, assim como os laudos dos respectivos lotes utilizados.

      Com relação às matérias-primas, é importante colocar no protocolo o nome do fornecedor do ativo, uma vez que a alteração deste pode levar ao pós-registro do medicamento.

      Também é importante fazer o acompanhamento da etapa de pesagem de todas as MP do produto a ser validado. Este acompanhamento deve ser registrado, assinado e anexado ao protocolo de validação.

      As especificações necessárias são do controle em processo e das análises do produto, incluindo uniformidade de teor após a etapa de mistura final.

      E se tiver mais dúvidas estou à disposição.

      Abs

      Fernanda

  10. Olá Fernanda, primeiramente gostaria de parabenizar pela ótima matéria.
    Tenho algumas dúvidas sobre a legitimidade de se realizar embalagem primária em campanha, ex. 3 lotes de bulk/granel em 1 lote de produto acabado. É possível realizar esta estratégia? Caso seja possível, o que é necessário realizar de estudo ( validação de limpeza)?

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