Se há coisa que reparamos, quando um brasileiro ou um chinês entra numa farmácia portuguesa, é que, para ele, o conceito de farmácia engloba uma grande componente de bem-estar e beleza. Contudo, aqui uma farmácia ainda é vista para uma grande parte da população apenas como espaço para curar doença, e apesar de Portugal estar no mesmo continente das grandes marcas de cosmética, continuamos a achar curioso quando alguém apenas que ver cremes e champôs (shampoos), não tendo qualquer patologia de pele, por exemplo, que o “obrigue” a comprar em farmácia.
É certo que, com a queda do preço dos medicamentos, teve que haver um direccionamento para produtos onde se pudesse ter lucro, como a cosmética, foram a solução. Acontece que, ainda há algum preconceito na população, sobre que produtos devem estar à venda em farmácias. Por exemplo, a Chicco, marca de puericultura, além de ter chupetas e biberons (mamadeiras) à venda em qualquer farmácia, tem também brinquedos didácticos. A existência dos mesmos, a serem vendidos em farmácia pode provocar reacções negativas, se a mesma não estiver localizada numa zona jovem, com alta taxa de natalidade. Alguns comentários do gênero “Brinquedos são vendidos em farmácia agora?”, podem ser escutados. A mesma coisa se aplica a perfumes infantis, ainda que sejam hipoalergénicos e sem álcool, e a não ser que pertençam a marcas de dermocosmética como a Uriage ou a Mustela, as pessoas tendem a ficar desconfiadas sobre a segurança dos produtos.
O mesmo se aplica a maquilhagem que não pertença às marcas mais reconhecidas, como La Roche-Posay ou Vichy.
Confiança e tradição na farmácia portuguesa
Por outro lado, para algumas pessoas, o facto de estarem à venda numa farmácia, é como um “selo” de confiança e segurança, e dado que, para a maquilhagem, os preços tendem a ser mais baixos do que em perfumarias , que não necessitam de nenhuma marca em particular, esta acaba por ser uma nova opção. E eu diria que esta é a área de negocio que fugindo ao que tradicionalmente se vende numa farmácia, mais tem vindo a crescer.
Uma área de negócio que se tentou implementar massivamente em farmácias, e que acabou por não resultar em praticamente nenhuma, foi a de “produtos de ginásio” (produtos para academia): garrafas de água com filtros, barras energéticas, produtos isotônicos, entre outros. A conclusão a que se chegou foi de que ainda não há a cultura de procurar em farmácia este tipo de produto, sendo que as pessoas preferem ir a grandes lojas de desporto.
Em relação aos suplementos, existe uma situação curiosa: as pessoas associam determinadas marcas a farmácias e outras marcas a lojas de suplementos/ervanárias. Assim, o ideal é numa farmácia não estarem à venda as segundas: porque quem não costuma comprar, mas sabe que são vendidas em ervanárias, não vai confiar para comprar, e quem costuma comprar em ervanária, nunca irá procurar numa farmácia.
Produtos impensáveis à venda numa farmácia portuguesa seriam: alimentos, bebidas, artigos de limpeza para a casa ou para o carro e tabaco.
Assim se vê, que a farmácia portuguesa é aos dias de hoje, um espaço bastante tradicional, e Portugal um dos países da Europa que menos se modernizou em termos de novos produtos, fruto de uma sociedade que ainda não está preparada para isso.
Sou do Brasil e vou para Portugal dia 22 . Eu quero comprar um remédio de nome Piascledine 300mg , é um fitoterapico ; saberia me dizer onde posso encontrar ? Nas farmácias comuns eu poderia encontrá-lo ? Este medicamento é fabricando na França , mas é vendido em toda Europa. Grato . Ivo Lopes