Em 15/10/15 tive o privilégio de assistir à palestra de três farmacêuticos internacionais no” Congresso Riopharma 8″ na cidade do Rio de Janeiro no Centro de Convenções SulAmérica.
Os palestrantes participantes foram Dr. Charlie Benrimoj (University of Tecnology Sydney/ Australia), Dra. Magaly Rodriguez de Bittner ( University of Mayland/EUA) e Dr. Greg Eberthart ( Alberta College of Pharmacists/Canada).
Trago, como contribuição para aqueles que não puderam assistir, alguns pontos relevantes:
Principais aspectos relacionados à implantação da farmácia clínica no exterior
1) Na experiência destes três farmacêuticos, a evolução da farmácia clínica começa em torno de 1970 e se aperfeiçoa até os dias atuais, com a integralidade da formação do corpo docente das universidades, necessidades de mercado e contínuo aprendizado da legislação de seus respectivos países.
2) Conseguiram ao longo destes anos, demonstrar aos empregadores de iniciativa privada o valor que o farmacêutico possui para agregar valores comerciais às suas instituições. Demonstrou-se com a utilização de gráficos, o aumento da fidelização de pacientes-clientes através dos serviços farmacêuticos e redução de custos para a empresa com otimização de serviços.
3) Na Austrália, existe “homecare” e clínicas multidisciplinares independentes, onde os farmacêuticos interagem com outros profissionais de saúde, tais como: médicos, nutricionistas e fisioterapeutas. Onde se aplicam os ditos serviços.
4) Nos Estados Unidos, o que se observa é um profundo reconhecimento da importância do profissional. Porém, nas conhecidas”drugstores” ainda não há uma remuneração específica direta para o farmacêutico, quanto aos serviços clínicos oferecidos.
5) Em Alberta (Canadá), se estimula a participação politica do profissional em seu país., para que a totalidade da comunidade farmacêutica possa vislumbrar os projetos de serviços farmacêuticos possíveis na forma da lei. O Doutor Greg Eberthart, representante desta área, soube falar com bastante precisão importância. Trouxe como chamarizes a redução de gastos com internação hospitalar pelo ambiente público, a gestão racional da aplicação do dinheiro público para a compra de medicamentos de sua cidade. Foi salutar em mostrar o farmacêutico introduzido à política, trazendo benefícios a seu País e respeito à profissão.
A implantação da farmácia clínica no Brasil pela visão de uma farmacêutica brasileira
Com essas observações, posso concluir que a conquista do respeito à profissão farmacêutica nestes três países é inegável. Todavia, não se deu da noite para o dia. Entretanto, muito diferente do que pensávamos, demostraram ainda, no ambiente privado, a dificuldade da remuneração mais condizente com a realidade econômica dos seus países.
Mas, os três palestrantes foram taxativos quanto à necessidade da contínua reciclagem profissional para se manter no mercado competitivo, como no caso dos Estados Unidos e Canadá onde os profissionais são submetidos a provas periódicas de avaliação de conhecimento. E mostraram que não adianta lutar contra o sistema e sim pensar maneiras de contribuir para a redução de custos para que futuramente possam lutar por reconhecimento financeiro e profissional.
E agora, como farmacêutica/colunista, penso que a nossa história política e batalha de reconhecimento profissional se iniciaram em 1973 com a lei 5991, que foi um marco em nossa profissão. Contudo somente hoje, em 2015, após a resolução 586/2013 (Conselho Federal de Farmácia) que normatiza a prescrição farmacêutica. E a lei federal 13021/2014 (que transforma o ambiente de drogarias e farmácias como estabelecimentos de saúde), é que começamos, mesmo que timidamente, a busca por reconhecimento.
Com relação ao retorno financeiro à profissão, vejo que em todas as áreas ainda temos pouco valor agregado, isso se deve, talvez à situação política do país, concorrência acirrada de mercado e, muitas vezes, a bitributação para a contratação de um profissional como nós.
Acho que chegou o momento, não de lutarmos contra o sistema, mas a favor dele, a fim de demonstrar a importância da farmácia clínica no País, reduzir custos para nossos contratantes e agregar valor financeiro. Mas não se esquecer da atenção farmacêutica e o uso racional de medicamentos. Para, quem sabe, talvez, conseguirmos o reconhecimento financeiro. Agora, – como fazer? – Participar de congressos, realizar cursos de extensão e pós graduação em instituições conceituadas são componentes inegáveis a estas questões, além da vivência profissional.
Certa vez, ouvi de um de meus gestores e nunca mais esqueci: [quote_center]” Para recebemos alguma coisa de volta temos que demostrar que valemos a pena o investimento.”[/quote_center]
Fico por aqui e até a próxima!!!!