A novela da fosfoetalonamina continua. Inicialmente, foi divulgada como a cura milagrosa do câncer, posteriormente sua pesquisa foi descrita pelo CRF-SP como prática ilegal da farmácia, além de desacredita por profissionais de pesquisa clínica devido à falta de estudo e pelos médicos oncologistas por não detectarem quaisquer efeitos clínicos que comprovam a eficácia na cura de algum tipo de câncer, até o momento.
Sem falar nas inúmeras declarações da Anvisa, uma vez que o produto não tinha registro na Agência e não poderia ser testado em humanos sem autorização e atendimento aos protocolos clínicos.
Enfim, como a polêmica em torno da substância foi grande, até mesmo muitos farmacêuticos reivindicaram a liberação da Anvisa, mas sem sucesso. E diante do alvoroço que a mídia fez, é lógico que os pesquisadores não deixariam barato e partiriam para o plano B, ou seria para o “jeitinho brasileiro”?!?
Fosfoetalonamina: Da cura milagrosa ao jeitinho brasileiro
Logo de início, confesso que esqueci o meu lado farmacêutico e torci para uma possível liberação, pois assim como muitos brasileiros, estava com um caso de câncer grave na família.
Mas minha prima, infelizmente, veio a falecer no final do ano passado. Nova, casada, e com dois filhos adolescentes, fez inúmeros tratamentos, e algumas tentativas fora do protocolo médico, mas sem nenhum sucesso. Lutou por 5 anos contra um câncer de mama, com sessões intermináveis de quimioterapia, se dilacerou como mulher a ter que se submeter à mastectomia, mas a doença evoluiu, a metástase surgiu, e a sua vida chegou ao fim em novembro de 2016. Ela torceu pela substância milagrosa, assim como muitos brasileiros que sofrem com o câncer, mas faleceu sem ver os resultados.
E voltando à questão dos resultados, e esquecendo a minha tragédia familiar de lado, volto a analisar a questão como profissional, uma vez que até o momento não houve qualquer comprovação de eficácia ou ação da substância em uma célula cancerígena.
E diante da falta de provas científicas, eis que os “pesquisadores” resolveram registrar a fosfoetalonamina como suplemento alimentar.
Isso porque o registro de medicamento, além de caro, demorado, precisa de muitas provas científicas, obtidas por meio dos estudos clínicos, para se ter certeza de que de fato possui a ação farmacológica prometida. E buscando o caminho mais fácil, talvez em busca de um possível retorno financeiro, resolveram registrar o produto como suplemento alimentar.
Agora, o “pulo do gato” é que o registro não foi feito no Brasil, mas sim nos Estados Unidos por meio do FDA (Agência regulatória americana), uma vez que lá o processo é mais simples, e não exige nem metade dos estudos preconizados no Brasil para o registro de suplementos.
Sendo assim, o jeitinho brasileiro encontrado foi de produzir nos States e importar para o Brasil para tentar arrecadar “algum” aproveitando o que restava da popularidade de tal substância.
Mas se havia qualquer promessa de cura, só essa manobra já faz o produto ser desacreditado, no meu ponto de vista.
E se você não acredita no que estou dizendo, dá uma olhada na matéria do fantástico de 19/02/2017:
https://youtu.be/josY-Azf_4c
Conclusão
Enfim, como se pode ver na matéria, a importação de suplementos é legal, o problema é a propaganda e a promessa de cura da fosfoetalonamina, que neste caso é ilegal por ser anunciada como promessa de efeito de terapêutico, que seria exclusivo de medicamento, ou seja, como cura do câncer, algo que [quote_center]NÃO FOI COMPROVADO CLINICAMENTE.[/quote_center]
Sendo assim, apelo ao bom senso dos colegas farmacêuticos clínicos que não aconselhem aos pacientes com câncer o uso de tal suplemento, e que deixem o tratamento nas mãos dos médicos oncológicos e dos medicamentos antineoplásicos devidamente aprovados pela ANVISA.
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