Prepare-se para as novas formas de trabalho no mercado farmacêutico
A indústria farmacêutica, como tantas outras indústrias e setores, está passando por uma revolução industrial. E este é um momento de profunda mudança.
A explosão das tecnologias digitais, a maior conscientização dos pacientes, o desenvolvimento das mídias sociais e as mudanças significativas na forma como as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão sendo conduzidas são apenas alguns dos fatores que forçam as empresas a repensar os cargos tradicionais e a rede de talentos.
Atualmente, pode ser percebida a tendência das empresas terceirizarem suas operações de pesquisa para contratar organizações especializadas (CROs). Esses profissionais trabalham de forma independente e se movimentam conforme seus interesses e estilo de vida, em vez de trabalhar em tempo integral para uma empresa.
Encontro entre a Ciência da Vida e a gig economy
Estas pessoas fazem parte do que está sendo chamado de “economia gig”. De acordo com um estudo do McKinsey Global Institute, 20-30% da força de trabalho nos Estados Unidos e na União Europeia é composta por trabalhadores independentes – embora nem todos escolham ativamente o trabalho independente e obtenham sua renda primária por meio dele os números são indicativos de uma tendência decisiva. A indústria farmacêutica, por sua vez, está cada vez mais presente neste movimento.
O quê está impulsionando esta tendência no mercado farmacêutico?
A digitalização em massa está resultando em ambientes de trabalho que mudam mais rapidamente do que as empresas. As companhias farmacêuticas tradicionais, com suas especializações profundas, muitas vezes não têm conhecimento, compreensão e experiência para implementar estratégias digitais avançadas usando as competências dos funcionários atuais. Do ponto de vista dos autônomos, trabalhar de forma independente possui pontos atrativos que também alimentam esta tendência. Entre as motivações, estão o estímulo que vem com uma variedade de diferentes tipos de projetos e áreas, a possibilidade de networking com toda uma indústria, a satisfação de “capitanear seu próprio navio” e um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O quê há para empresas farmacêuticas?
Com o custo de trazer novos medicamentos para o mercado em espiral fora de controle, por muitos relatos, considerações comerciais devem ter alta prioridade. Estar em posição de engajar um pool de talentos “sob demanda” que pode ser flexível, preencher lacunas de habilidades e se transformar de maneira transparente à medida que os alvos de negócios evoluem, pode oferecer eficiências atraentes. Ter livre acesso ao mercado para os melhores conhecimentos científicos e clínicos também pode ser uma atração.
Comos os profissionais podem se adaptar ao novo formato do mercado farmacêuticoe à gig economy?
Apesar do formato de contratação CLT ser o modelo mais comum no mercado farmacêutico, nota-se uma forte tendência dos profissionais buscarem novas formas de trabalho, mais livres, com maiores possibilidades de ganhos, e jornadas de trabalho alternativas.
O começo nem sempre é fácil, porém o ostracismo, ou a eterna espera pelo “reconhecimento” (lê-se como reconhecimento a promoção de cargo e/ou aumento de salário), dificilmente levarão o profissional ao tão almejado sucesso e realização profissional. Neste sentido, o empreendorismo e a vontade de se reenvientar no mercado são fundamentais.
Nesta linha de pensamento, surgiram na última década diferentes formas de trabalho no mercado farmacêutico, entre elas, destacam-se:
- Clínica farmacêutica – particulares, em drogarias e até mesmo dentro de clínicas médicas
- Farmacêuticos palestrantes – mas exige muita experiência no mercado e no assunto de interesse
- Desenvolvedores de formulações – medicamentos e cosméticos
- Consultores – profissionais com grande experiência em indústrias farmacêuticas, farmácias de manipulação, drogarias, etc
- Auditores
- Desenvolvedores de aplicativos e softwares destinados ao mercado farmacêutico
- Prestadores de serviços
Abraçando um novo paradigma de trabalho
Segundo informações da empresa Hays, está sendo testemunhado modelos de recursos de talentos na mudança do setor de Ciências da Vida.
O crescimento nos mercados biofarmacêuticos, de dispositivos médicos e de diagnósticos, juntamente com o aumento da ênfase na inovação, na ciência de dados, na velocidade de comercialização e no engajamento do paciente estão quebrando os modelos antigos de operação de negócios.
A crescente rede de estrategistas independentes, ligados, analistas, pesquisadores, associados de pesquisa clínica (CRAs), gerentes de dados, especialistas em mídia social, escritores médicos, especialistas em big data e outros, estão aqui para ficar. De um jeito ou de outro, a economia gig vem para você – seja de dentro ou de fora do modelo tradicional de negócios farmacêuticos.
Por Paul Strouts
Global Managing Director, Hays Life Sciences
Adaptação de texto:
Fernanda de Oliveira Bidoia
Farmacêutica
Consultoria e Portal Farmacêuticas