Médicos nas farmácias. Qual a sua opinião?

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O Projeto de Lei nº 45, de 16/02/1994, de autoria do vereador Wadih Mutran, foi desarquivado pela Câmara Municipal de São Paulo. Tal projeto propõe tornar obrigatória a presença de médicos nas farmácias municipais que estiverem de plantão nos finais de semana e feriados.

É um projeto polêmico, mas existe os prós e contras. Creio que vale a pena analisar antes de criticar:

 

Benefícios da presença de médicos nas farmácias

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Este modelo de trabalho em conjunto é adotado em países como no caso dos Estados Unidos, por exemplo.

Algumas unidades de drogarias de grande porte possuem médicos plantonistas que atendem casos de emergência e as receitas são enviadas diretamente ao farmacêutico via software para análise e dispensação.

O farmacêutico avalia a prescrição de acordo com os dados do pacientes x tratamento proposto:

  • Diagnóstico – prontuário médico
  • Idade
  • Sexo
  • Peso
  • Dosagem
  • Período de tratamento
  • Interações medicamentosas
  • Ação farmacológica

Estando todas as informações de acordo, o farmacêutico autoriza a dispensação e o paciente retira diretamente o medicamento do balcão da farmácia, logo após avaliação completa deste profissional.

É um sistema que funciona muito bem e há respeito e trabalho em equipe de ambos os profissionais.

Eu pessoalmente utilizei para o tratamento de otite aguda de minha filha que na época tinha 3 anos e apresentava quadro febril incessante de 40ºC durante uma viagem aos EUA. Na ocasião, não quis enfrentar um hospital, visto que o custo da consulta e exames poderiam ser muito mais altos, além do risco de piora do quadro clínico devido há baixa imunidade x infecção hospitalar.

Foi rápido e eficiente. Sai com a prescrição do antibiótico e o medicamento já para administração imediata

Diante de tal experiência os benefícios foram:

  • Facilidade do tratamento da doença;
  • Rapidez do diagnóstico;
  • Baixo custo;
  • Segurança do serviço devido a equipe multidisciplinar de saúde;
  • Diagnóstico e tratamento (medicamento) em um só lugar;
  • Consultórios modernos e altamente equipamentos;
  • Promovem campanha de vacinação;
  • Evitam idas a hospitais;
  • Interação entre médico e farmacêutico.

Tais farmácias são o Minute Clinic na CVS e Healthcare Clinic no Walgreens.
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Exemplo de consultório médico (padrão ) do Minute Clinic

Pontos críticos ou contra em relação à presença de médicos nas farmácias

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Como no Brasil, infelizmente, nada funciona muito bem e não há planejamento e preparo para medidas de alto impacto, podem acontecer os seguintes problemas caso a PL seja aprovada:

  • Retrocesso à Lei 13.021/2014 que transforma farmácia em estabelecimento de saúde e estabelece que a farmácia é uma unidade de prestação de serviços destinada a prestar assistência farmacêutica;
  • Contraria o Decreto nº 20.931, de 11 de janeiro de 1932 Art. 16 – Podendo levar o médico a beneficiar o comércio de medicamentos;
  • Infringe o código de ética médico;
  • Pode ocorrer duplo exercício de atividade dos médicos: medicina e farmácia;
  • Empresas de pequeno porte não teriam estrutura financeira imediata para contratação de médico e equipagem de consultório adequado para atendimento dos pacientes.
  • Falta de planejamento;
  • Pode gerar conflito entre os profissionais e de interesse.

 

Posicionamento do CRF-SP

O departamento jurídico do CRF-SP avaliando a PL, concluiu que a proposta fere toda a legislação vigente sobre o funcionamento das Farmácias, inclusive a recém aprovada Lei 13.021/2014, além de outras leis e o próprio código de ética médica.

Na Seção Plenária de 07/12/2015, os Conselheiros aprovaram, por unanimidade, uma moção de repúdio contrária a esta proposta e, ao enviá-la à Câmara Municipal de São Paulo, esperam sensibilizar os vereadores e opinião pública sobre a inconveniência do projeto.

A moção será encaminhada ao presidente da comissão de constituição, justiça e legislação participativa da Câmara Municipal, vereador Alfredinho. O texto defende que a propositura carece de suporte legal a bem da saúde pública e pede o arquivamento do PL em questão.

Além de enviar a moção, o CRF-SP entrou em contato com a Câmara para agendamento de reuniões com os vereadores, bem como, com outras entidades, como por exemplo o Cremesp. Ou seja, serão adotadas todas as providências para impedir a conversão desse PL em lei.

Clique aqui e leia na íntegra a Moção de Repúdio

E você farmacêutico? Qual a sua opinião?

Opine e compartilhe.

 

Referências

Projeto de Lei nº 45, de 16/02/1994

Assessoria de Comunicação CRF-SP

Lei 13.021/2014

 

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Formada em 2000 em Farmácia industrial pela Faculdades de Ciências Farmacêuticas Oswaldo Cruz, começou a atuar na área farmacêutica em 1998 com projetos científicos e em farmácia de manipulação. Em 2001 iniciou sua carreia em indústria farmacêutica, atuando nas áreas de Controle de Qualidade, Garantia e Gestão de Sistemas da Qualidade, Qualificação e Validação. Com experiência de mais 20 anos no setor, trabalhando em indústrias farmacêuticas nacionais e multinacionais, hoje realiza consultorias e treinamentos para indústrias de medicamentos, indústrias de cosméticos e saneantes, distribuidoras e montadoras de equipamentos da área farmacêutica. Empresária, consultora, blogueira, fundadora do Portal Farmacêuticas e da consultoria que leva o mesmo nome, esposa e mãe de duas filhas, tem como nova missão a criação de um portal, Farmacêuticas, voltado exclusivamente para o mundo farmacêutico, com dicas de projetos, eventos, cursos e notícias.

5 COMENTÁRIOS

  1. Acho uma ótima ideia! Acabaria com a automedicação, tornaria o acesso ao profissional mais fácil, rápido e direto. As farmácias teriam mais segurança em relação aos procedimentos clínicos que norteiam a prescrição e dispensação ( informações, ajustes e etc ). Até porque, como farmacêutico já esta prescrevendo, nada melhor que médicos montando farmácias e trabalhando nelas! =D

  2. o medico tem que trabalhar quetinho nos hospitais fazendo os diagnosticos e o farmaceutico prescrevendo o farmaco,quero ver que medico sabe mais que um farmaceutico de remedio,infelizmente eles acham que sabem mais mesmo,o farmaceutico aos poucos esta voltando as origens…quem vai ganhar e o paciente e pode ter certeza essa mudança ate 2020 sera inevitavel ja estamos vendo nas equipes multidisciplinares o farmaceutico atuando,medicos aceitem o farmaceutico sera seu melhor aliado pode ter certeza em outros paizes funciona..

  3. Em um país como o nosso, onde a maioria dos médicos acreditam que sabem de tudo e que os outros profissionais não sabem de nada, seria apenas uma forma de desvalorizar o farmacêutico.

  4. Sou farmacêutico. União das duas profissões teriam tudo para da certo… para população melhor ainda, tendo mais opção para ser consultado ou em emergências do município ou nas drogarias.

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