11 ferramentas da qualidade e suas estratégias de gestão

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Existem muitas ferramentas da qualidade utilizadas para implementação e gestão de um sistema da qualidade. A Literatura, de forma geral, apontam apenas sete, como as principais, são elas:

1.  Diagrama de Pareto

2.  Diagramas de causa-efeito (espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa)

3.  Histograma

4.  Folhas de verificação

5.  Gráficos de dispersão

6.  Cartas de controle

7.  Fluxograma

 

Mas existem mais quatro que não podem ser deixadas de lado, pois são amplamente utilizadas:

8.  PDCA

9.  FMEA

10. 6 Sigma

11. 5W2H

 

E o que são ferramentas de qualidade?

São técnicas utilizadas ​​para melhorar a qualidade de projetos, produtos, sistemas e processos.

Algumas ferramentas de gestão da qualidade ajudam a identificar possíveis problemas que venham a ocorrer em um determinado projeto/produto de modo que haja uma ação preventiva para um futuro desvio, ou ainda fornecem uma maneira de analisar a negatividade ou ineficácia de um  processo em questão.

Outras ferramentas da qualidade são usadas ​​para priorizar ações, e outras apenas servem para listar causas e efeitos dos elementos em um projeto ou processo que possam ter ser resultados afetados.

 

Como deveria ser e o que acontece no Brasil

Antes de qualquer projeto é fundamental que haja um planejamento no qual todos os possíveis erros possam ser previamente detectados e as respectivas ações sejam propostas para evitar que tais desvios ocorram.

Este é o ideal, que a grande maioria das empresas comprometidas com a qualidade no mercado internacional, e raras  nacionais, usam.

Mas no Brasil, infelizmente, o que se faz é o contrário: tudo é feito às pressas, ninguém planeja, desvios vão sendo detectados no meio do caminho e ações corretivas são propostas sem muitos cuidados.

Resumindo: tempo perdido e muito dinheiro gasto ao término de um novo processo.

É uma pena, mas é a realidade.

É um mal enraizado na alma de brasileiros, de forma geral, mas que pode ser mudado.

 

Como é que estas ferramentas trabalham em conjunto e quando elas devem ser implementadas?

No início de cada projeto deve ser designado um gerente que formará equipes que cuidarão de cada uma das etapas previamente defidas com a ajuda das ferramentas da qualidade. Tal gerente deve ser proativo e manter  boa comunicação entre as equipe de gestão da qualidade para que esta funcione sem maiores problemas.

 

Usando as ferramentas de forma eficaz

Para facilitar, as ferramentas foram separadas em 2 categorias distintas:

 

  • Ferramentas para priorizar e relacionar ações

 

  1. Diagrama de Pareto

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O diagrama de Pareto é um gráfico de barras que ordena as frequências das ocorrências, de maior para menor, permitindo a priorização dos problemas.

O princípio de Pareto: 80% das consequências advêm de 20% das causas, isto é, há muitos problemas sem importância diante de outros mais graves.

Sua função é permitir uma fácil visualização e identificação das causas ou problemas mais importantes, possibilitando a concentração de esforços sobre os mesmos.

  1. Histograma

 Histograma

O histograma, também conhecido como  diagrama das frequências ou distribuição de frequências,  é um gráfico com barras verticais justapostas utilizado para estatística, no qual a base de cada um deles corresponde ao intervalo de classe e a sua altura à respectiva frequência.

É um importante indicador da distribuição de dados.

 

 

  1. Folhas de verificação ou Check list

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 As folhas de verificação são tabelas ou planilhas usadas para facilitar a coleta e análise de dados.

A sua utilização tem como finalidade a economia de tempo, eliminando o trabalho de se desenhar figuras ou escrever números repetitivos. Além disso, elas evitam comprometer a análise dos dados.

Fundamental é que todos os dados referentes a um projeto ou processo sejam listados e seu acompanhamento e/ou  a realização de uma atividade descrita seja checada com relação ao seu cumprimento.

 

  1. 6 Sigma

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O número de Sigmas é uma medida da performance de processo. Quanto maior o número de Sigmas, menor a sua variabilidade.  O símbolo (σ) é utilizado pela estatística para representar o parâmetro de dispersão chamado desvio padrão.

Processos com muita variabilidade têm alta probabilidade de gerar produtos com desvios ou fora da especificação.

O 6-Sigma consiste na aplicação de métodos estatísticos em processos com a finalidade de eliminar defeitos.

A maioria das empresas opera no nível 3-Sigma, o que equivale a 35 mil defeitos por milhão. O nível 6-Sigma gera apenas 3,4 defeitos por milhão.

As Normas de qualidade geralmente trabalham com 4σ.

 

Principais benefícios:

  • Diminuição dos custos;
  • Aumento significativo da qualidade e produtividade de produtos e processos;
  • Acréscimo e satisfação de clientes;
  • Eliminação de atividades e etapas produtivas que não agregam valor;
  • Mudança cultural benéfica;

 

  • Ferramentas para listar causas e efeitos

 

  1. Diagrama de causa e efeito

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O Diagrama de Ishikawa, também conhecido como Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Espinha-de-peixe , é uma ferramenta gráfica utilizada para o gerenciamento e Controle da Qualidade em processos diversos, especialmente na produção industrial. Originalmente proposto pelo engenheiro químico Kaoru Ishikawa em 1943 e aperfeiçoado nos anos seguintes.

Em sua estrutura, as causas dos problemas (efeitos) podem ser classificados como sendo de seis tipos diferentes quando aplicada a metodologia 6M:

  • Método: quando a não conformidade é decorrente do método utilizado;
  • Matéria-prima/material:  quando o material utilizado não está em conformidade;
  • Mão-de-obra: toda causa que envolve uma atitude do colaborador (ex: procedimento inadequado, pressa, imprudência, ato inseguro, etc.)
  • Máquina: causa relacionada com o equipamento  utilizado;
  • Medida: toda causa que envolve os instrumentos de medida, sua calibração, a efetividade de indicadores em mostrar as variações de resultado, se o acompanhamento está sendo realizado, se ocorre na frequência necessária etc.
  • Meio ambiente: toda causa que envolve o meio ambiente em si (poluição, calor, poeira, etc.) e o ambiente de trabalho (layout, falta de espaço, dimensionamento inadequado dos equipamentos, etc.).

 

  1. Diagrama de dispersão

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O diagrama de dispersão é o método gráfico de análise que permite verificar a existência ou não de relação entre duas variáveis de natureza quantitativa, ou seja, variáveis que podem ser medidas ou contadas, tais como: horas de treinamento, número de horas em ação, intensidade, velocidade, tamanho do lote, pressão, temperatura, etc.

Benefícios de sua  utilização:

  • Relação causal entre variáveis;
  • Ajuda na determinação da causa raiz de problemas.
  • É usado para verificar uma possível relação de causa e efeito.
  • Determina a intensidade de uma variável

 

 

  1. Cartas ou gráficos de controle

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Cartas de controle são dados coletados durante um processo e que são utilizados para o acompanhamento e comprovação de sua eficiência através de gráfico. Este determina estatisticamente uma faixa entre os limites inferiores e superiores estabelecidos em um parâmetro de controle, além de uma linha média. O objetivo é verificar, por meio do gráfico, se o processo está sob controle, ou, seja, que não possui desvios de qualidade.

Funções:

  • Evidencia que um processo está operando dentro de uma faixa estabelecida de controle (parâmetro).
  •  Detecta a presença de causas especiais de variação para que medidas corretivas apropriadas sejam aplicadas.
  •   Indica os resultados de um processo para que sejam tomadas ações de melhoria, quando aplicável.

 

Formas de aplicação:

  • Registros cronológicos regulares (dia-a-dia, hora-a-hora) de uma ou mais características (peso médio, friabilidade de comprimidos, etc) calculadas em amostras de um produto coletadas durante fases pré-determinadas de um processo.
  • Valores são dispostos, pela sua ordem, em um gráfico que possui uma linha central e dois limites, denominados “limites de controle”
  • Pontos dispostos fora dos limites de controle indicam que o processo está fora de especificação.

 

Benefícios dos gráficos de controle

  • Aumento na porcentagem de produtos capazes de satisfazer aos requisitos do cliente.
  • Diminuição do retrabalho, diminuindo, consequentemente, os custos de fabricação.
  • Aumento da probabilidade geral de produtos aceitáveis.
  • Informações para melhoria do processo.

 

 

  1. Fluxograma

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Fluxograma é um tipo de diagrama, que pode ser utilizado para evidenciar  o fluxo  e determinadas etapas de um processo.

Pode ser feito através de figuras geométricas e setas indicativas. É uma forma fácil e rápida de compreender uma sistemática ou processo produtivo com suas diferentes etapas, documentos e respectivas ações.

Deve ser simples e objetivo para melhor compreensão do esquema por ele representado.

 

  1. PDCA

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É um método simples, de quatro etapas, que é utilizado principalmente para a melhoria continua de um processo.

Etapas:

  • PLANEJAR (PLAN): Nesta fase devem ser estabelecidos objetivos e metas para conseguir um resultado dentro do planejado.
  • EXECUTAR (DO): Implementação do plano e executação do processo. Os dados do processo em questão devem ser mapeados para análise e avaliação dos resultados.
  • VERIFICAR (CHECK): Análise dos resultados obtidos (resultados x parâmetros estabelecidos). Deve ser avaliado se houve alguma diferença nos resultados. Também deve ser verificado se houve algum desvio de qualidade, além da  tendência desses resultados.
  •  AGIR (ACT):  Avaliação das causas para os desvios detectados. Estabelecer ações corretivas para as diferenças e desvios de qualidade.

 

 

        10. FMEA

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FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é uma ferramenta utilizada para análise de possíveis desvios ou falhas, e suas respectivas causas, em um determinado processo ou produto.

É uma ferramenta de melhoria contínua, utilizada na etapa de desenvolvimento de um produto ou processo, no qual possíveis falhas são minuciosamente previstas e detalhadas com a finalidade de propor ações preventivas.

Tipos de FMEA

  • FMEA DE PRODUTO: análise de possíveis falhas que poderão ocorrer com o produto dentro das especificações do projeto. É conhecida também de FMEA de projeto.
  • FMEA DE PROCESSO: análise de possíveis falhas no planejamento e execução do processo, a fim de evitá-las através de ações preventivas.
  • FMEA de PROCEDIMENTOS: É pouco comum a sua utilização. Nele analisam-se as falhas potenciais de cada etapa do processo com o mesmo objetivo que as análises anteriores, ou seja, diminuir os riscos de desvio.

Aplicação da FMEA

Pode-se aplicar a análise FMEA nas seguintes situações:

  • Diminuição da probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou processos;
  • Diminuição da probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não tenham ocorrido) em produtos/processos já em operação;
  • Aumento da confiabilidade de produtos ou processos já em operação por meio da análise de falhas previamente detectadas e registradas.
  • Diminuição do risco de possíveis erros e aumento da qualidade das informações descritas  em procedimentos (POP) .

 

Na minha opinião, é a melhor ferramenta da qualidade, pois é a mais completa e eficaz. Muito utilizada na indústria farmacêutica para elaboração de análises de risco.

É uma pena que não é tão utilizada. Caso fosse, não haveriam tantas não-conformidades como as registradas na grande maioria das empresas.

 

11. W5H2

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É uma ferramenta prática e simples utilizada para execução de tarefas com eficiência e agilidade, visando um aumento de produtividade, onde se utilizam sete perguntas sobre a atividade a ser executada:

  • What? (O que fazer?): Descreva as etapas de um sistema ou processo.
  • Why? (Por que fazer?): Justifique.
  • Where? (Onde vai ser feito?): Local ou área a ser realizado o processo, sistema ou produto em questão.
  • When? (Quando vai ser feito?): Data da execução.
  • Who? (Quem vai fazer?): Responsável pela ação.
  • How? (Como vai ser feito?): Qual o método, procedimento ou sistemática  que será utilizado.
  • How much? (Quanto vai custar?): Cálculo do custo estimado.

 

Ferramenta ideal para ser utilizada em POPs de sistemas de qualidade.

Estas são as principais ferramentas escritas de forma simples e sem mitérios.

Agora é só colocar em prática e reduzir a sua lista de desvios.  Vamos começar?

12 COMENTÁRIOS

  1. Bom dia Fernanda!

    Primeiramente quero parabenizar pelo ótimo site e pelas ótimas dicas. De todos os sites da área, o seu é o meu favorito!
    Eu achei muito bem feito e escrito essa parte teórica das ferramentas de qualidade, mas gostaria muito se você pudesse postar uma coisa que não se acha na internet, que é um caso prático de método pdca ou 6 sigma em industria farmaceutica e se possível como usar um indicador de desempenho(kpi) em algum caso prático também.

    Desculpa se for pedir muito

    Muito Obrigado Fernanda!

    • Caro Hiroko,

      Fico extremamente lisonjeada e feliz com suas palavras. São um verdadeiro estímulo para a continuidade do trabalho!
      Terei o maior prazer em desenvolver mais sobre os temas mencionados. Muito obrigada pela sugestão!
      Não tenho como prometer quando, mas vou tentar escrever sobre o assunto assim que possível.
      Fique a vontade para sugerir temas e assuntos. Tendo o conhecimento, terei o maior prazer em compartilhar.
      Super obrigada pelas sugestões e apoio!
      Abraços,

  2. Parabéns pela iniciativa de dividir sua experiência e seus conhecimentos.
    O meu comentário não invalida a sua iniciativa.
    Tem alguns erros conceituais, por exemplo o significado dos termos: calibração, aferição, verificação e ajuste
    Calibração e aferição segundo a ABNT são sinônimos, e para evitar confusão optou-se por usar apenas calibração, somente as normas mais antigas ainda falam de aferição, este é um dos motivos de algumas normas não trazerem a definição. Se você ler cuidadosamente as tuas definições elas querem dizer a mesma coisa, só estão enunciadas de modo diferente.
    Verificação – o que se faz na balança com massas padrão (com certificado de calibração) – você confunde verificação com aferição.
    Ajuste é o que se faz com o pH-metro quando se usa soluções calibradas (pH 4, 7 e 10)

  3. O seis sigma está mais para um sistema da qualidade como o TQM e o Iso 9000. No seis sigma há muitas ferramentas, algumas muitos parecidas com as citadas no texto como, por exemplo, DMAIC (metodologia seis sigma) parecida com a ferramenta PDCA.

    gestão da qualidade: teoria e casos/Marly Monteiro Carvalho… [et al.] – Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

    Parabéns pelo texto!

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